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domingo, 1 de janeiro de 2012

Filosofia?

Que é filosofia?

Uma pergunta corrente em nosso cotidiano e que tem pobres definições. Um diz — Eu tenho minha filosofia! — Já outro — A filosofia chinesa é milenar! Filosofia nesse caso, seria algo relativo: há a minha filosofia e há a sua filosofia. Entretando, filosofia não parte de uma intuição individual. É mais que isso.

O emprego indiscriminado da palavra “filosofia” produz, amiúde, certas ideias imprecisase não obstante distorcidas. Falar sobre uma filosofia cuja posse é individual, nada mais é que um discurso conotativo do termo. Não que a definição seja estritamente exata, posto mesmo que durante o passar dos séculos numerosos filósofos refizeram a definição formal de filosofia. Contudo, falando grosseiramente, é como dizer que existe minha matemática e sua matemática.

filosofia sf 1. Ciência dos princípios e causas; 2. amor pelo saber e, particularmente, pela investigação das causas e efeitos. (MINIDICIONÁRIO Soares Amora da Língua Portuguesa 19ª edição, 4ª tiragem, 2009.).

Longe também de ter uma definição exata (como eu mesmo disse acima), a filosofia também produz o próprio ato de questionar o que ela mesmo é. Filosofar é um verbo intrasitivo, é um ato de pensar; racionalmente. Veja a exemplo estes passos do filósofo Edmund Husserl:

Edmund Husserl

 

 

“O que pretendo sob o título de filosofia, como fim e campo das minhas elaborações, sei-o, naturalmente. E contudo não o sei… Qual o pensador para quem, na sua vida de filósofo, a filosofia deixou de ser um enigma?… Só os pensadores secundários que, na verdade, não se podem chamar filósofos, estão contentes com as suas definições”.

 

 

A filosofia surge quando ela mesma vira objeto de reflexão, mas não uma simples reflexão. Quando nos vemos num espelho, ou seja, observamos nossa própria imagem, há um “desdobramento”, porque estamos aqui e lá. Refletida pela luz, ela vai até o espelho e retorna — reflectere, em latim, significa fazer retroceder, voltar atrás. Portanto refletir é retomar o próprio pensamento, pensar o já pensado, voltar para si mesmo e questionar o já conhecido.

Necessidade da filosofia

É comum devido nosso hábito, atribuir à filosofia uma posição de inutilidade prática. Quer dizer, num mundo que valoriza pragmaticamente as aplicações do conhecimento, a filosofia parece não ter função relevante. O senso comum aplaude a medicina em busca de uma cura para o câncer ou a engenharia operando obras de saneamento. Nesse escopo, a filosofia poderia ser comparada à arte. Se perguntarmos qual a finalidade de uma obra de arte, logo perceberemos que ela tem um fim em si mesma. Porém, não ter utilidade imediata não significa que algo é desnecessário.

Tanto a filosofia quanto a arte são necessárias, pela própria condição humana. A arte opera de forma impactante no sujeito observador. Sua finalidade pois é transmitir uma visão talvez latente por sua natureza formal. E a filosofia? Platão, filósofo grego discípulo de Sócrates, já havia dito que a filosofia parte da admiração. Mas que tipo de admiração? A admiração do ser, que filosoficamente falando, pode ser traduzido como a própria existência, em outras palavras, que existe; e o não-ser não existe.

No nosso cotidiano, um conhecimento “científico” já é dado como verdadeiro em unanimidade. Apesar da forte crença na viabilidade científica, ela própria já foi inúmeras vezes posta em dúvida pelos seus próprios pais: os filósofos. A ciência seria a investigação sensível do ser, e para isso foi criado um método específico, chamado método empírico ou método científico. A filosofia entretando, ferramenta racional de qualificação do mundo, não se restringe apenas às barreiras sensíveis (físicas) do ser, mas põe-se além, indagando sobre a substância metafísica. Que é Deus? De onde viemos? Para onde vamos?

Várias religiões abordam essas questões de uma maneira. A filosofia entretando, tenta responder tais indagações de forma racional, não recorrendo a mitos ou princípios dogmáticos no seu ato. O objeto principal da filosofia é o sentido. É dar sentido ao mundo de forma racional. Parece uma busca audaciosa e até infinda. Apesar disso, Sócrates - mais ousado que Platão -, chegou a dizer “— Uma vida sem busca, não merece ser vivida.”

 

“Quando deve-se filosofar, deve-se filosofar. Quando não deve-se filosofar, deve-se filosofar.”

2 comentários:

  1. Achei que você falou muito claramente sobre a filofia em sua essência e fez bom uso das palavras desses pensadores, adicione algumas das suas na proxima e ficarei muito feliz.

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  2. Suas palavras se assemelham muito com as do professor Renan

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