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quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

O Inatismo Cartesiano

Conhecimentos a priori e conhecimentos a posteriori. Muita gente já ouviu falar sobre esse tipo de coisa, esta publicação é mais dedicada para aqueles que ainda têm alguma dúvida. Um conceito que assombra a epistemologia há tempos, temática discriminante entre racionalismo e ceticismo; coisa que vai cair nas mãos de Immanuel Kant. Que é isso afinal? O conceito de inatismo está muito ligado ao conhecimento de ideias a priori, Descartes diz como.

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O inatismo tem grande importância na filosofia cartesiana. Descartes dividiu as ideias em inatas, adventícias e factícias. As adventícias seriam aquelas que provem dos nossos sentidos, da experiência. As factícias seriam fruto de nossa imaginação. E as inatas? Seriam aquelas universais, que todos nós temos já ao nascer. Não necessariamente que tenhamos consciência delas, mas que as possuímos em potência (potência aqui é um conceito aristotélico que iremos abordar em outras publicações).

Descartes sugere por exemplo, a matemática e a ideia de Deus como inatismo. A ideia de triângulo é a mesma em qualquer lugar no universo. Como explicar que seres finitos e imperfeitos como os homens são, possam ter a ideia de um ser infinito e absolutamente perfeito? Para Descartes, é um claro exemplo do inatismo divino.

É claro que não vão faltar filósofos se opondo a essa ideia. Os empirícos, iniciados com homens como David Hume e Francis Bacon, vão se opor totalmente a essa visão, suas justificativas caem na questão do puramente sensível. Mais tarde, Kant procura unir as duas visões, numa dialética de gosto puramente hegelianao.

Com efeito lê-se estes passos de Descartes:

“(...) quando começo a descobri-las, não me parece aprender nada de novo, mas recordar o que já sabia. Quero dizer: apercebo-me de coisas que estavam já no meu espírito, ainda que não tivesse pensado nelas. E, o que é mais notável, é que eu encontro em mim uma infinidade de ideias de certas coisas que não podem ser consideradas um puro nada. Ainda que não tenham talvez existência fora do meu pensamento elas não são inventadas por mim. Embora tenha liberdade de as pensar ou não, elas têm uma natureza verdadeira e imutável.”

Méditations Métaphysiques, “Méditation cinquième”, p. 97-99.

2 comentários:

  1. Respostas
    1. O que Descartes chama de ideia inata nada mais é que um pensamento cuja providência é inerente ao homem. Ou seja, são coisas que, pelo simples fato de você pensar, você é capaz de saber. E uma vez que você é um ser humano, pensa - a frase: "penso, logo existo" é atribuida a ele - e uma vez pensando é capaz de ter ciência de uma ideia inata.

      Em qualquer lugar do universo um triângulo tem 3 lados e 2 + 2 são 4. A matemática é um conhecimento que independe do sujeito. Ela é o que é e todos são capazes de pensar por si só isso que acabei de dizer. É por conta desse inatismo que diversas civilizações foram capazes de desenvolver a matemática que, em sua essência, é a mesma. Isso claro, admitindo-se as premissas de Descartes como verdadeiras.

      A ideia de uma flor é diferente para mim e você. Eu imagino uma flor vermelha, você entretando pode imaginar uma amarela com formas diferentes. Mas como eu disse, ao imaginarmos um triângulo, independente de sua forma, permanece verdadeira a propriedade de que ele tem três lados, ou não é triângulo.

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