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sábado, 21 de janeiro de 2012

A Visão Grega Cosmopolita e Doutrinária

Milagre grego ou não, a filosofia surgiu na Grécia, é fenômeno grego, não oriundo de outros povos, o pensamento estritamente racional foi sistematizado lá, não foi na China nem outro lugar. A visão fechada em si da filosofia, para o grego, logo se perdeu quando um homem chamado Alexandre Magno conquistou a Grécia e os povos da antiguidade, levando-os a um elo místico-filosófico. O esoterismo penetrante fez surgir no mundo a visão doutrinária. As atitudes foram levadas muito mais em conta com o pensamento do sujeito, que agora já era homem do mundo. Era a igualdade de pensamento e a doutrina.

Busto de Alexandre Magno

A filosofia nessa época, passa de helênica para helenística. Isso é resultado das campanhas de Alexandre, o Grande, o homem mais poderoso da atinguidade na época. Vindo da Macedônia e educado por Aristóteles, ele domina a Grécia, Egito, Persia e chega à Índia. O que aconteceu foi que Alexandre difundiu a cultura (e também a filosofia) grega para esses povos orientais, ao contrário do que Aristóteles queria, pois considerava-se os bárbaros, inferiores. O que podemos notar por exemplo é a transferência da potência cultural ateniense para a cidade de Alexandria. Cidades antes ofuscadas como Pérgamo, passaram a ser fonte também de filosofia e cultura.

Diz-se que a filosofia tornou-se cosmopolita, o que essa palavra significa? Antes a filosofia era restrita ao seio grego. Cosmos significa universo e Pólis é a cidade grega. A ideia era de que o universo era a pátria de todos os homens - cosmo + pólis -, em ideia socrática, todos eram iguais em pensamento, escravos ou reis. Portanto a união dos homens de culturas diferentes se dava pela filosofia, que era universal, cosmopolita. O homem já não pertencia à cidade, à Pólis, mas ao mundo. Assim houve a desvinculação da moral com a política, que antes era tida como uma só. Com efeito, o homem agora pertencia à cidade do mundo, à cosmopólis.

A doutrina se configura nos costumes, que passaram a fazer parte da própria filosofia. Ora, antes o homem, feito filósofo, era puro pensador, crítico do mundo. E agora? Já não só isso, mas o homem passou a ser caracterizado. Era de costumo oriental diferenciar-se credo por cultura. Talvez tal prática tenha sido incorporada de forma inevitável. A postura filosófica atracava nas vestes e no costume. Não nos faltam exemplos; o status quo pode ser muito bem representado pelos cínicos.

O cinismo tem como referência Diógenes de Sínope. Os cínicos pregavam a desapegação material, e o uso da natureza como fonte de felicidade. Foi a mais radical filosofia da época, por ser opositora à cultura. O prazer estaria na simplicidade da vida. É forte no cinismo o conceito de autarquia. Autarquia é o governar-se a si próprio, basta isso pare entender por que os cínicos viviam puramente uma vida nada ortodoxa: não se portavam como o costume do cidadão dizia. Os seguidores do cinismo, adotavam tal postura que pode ser vista como doutrinária e é apenas uma dentre várias outras como também o neoplatonismo, o estoicismo etc. Não era difícil você ver por exemplo, filósofos cínicos vivendo como o que hoje chamariamos… talvez de mendigos.

Aquele homem pedindo dinheiro na caneca, sentado na praça. Quem sabe não é um filósofo, não é mesmo?

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